Na vida,
já me tiraram
muita coisa...
Que me apresento
improvisado
feito autor e personagem
no palco da vida
na intenção de dizer
tudo do passado esquecido
e que fique registrado
para os anais da
posteridade
palavras que o vento as
levou
e as apagou
ao som dessa melodia.
E por isso mesmo
tudo isso já é
passado.
Na vida,
já me tiraram muita coisa...
Memórias! Apagadas
que se me tornaram
esquecidas
e deixadas para trás.
Páginas viradas
escritas e obliteradas,
feito vento que levanta
poeira,
assenta pó e apaga
rastros,
pegadas de onde vim,
pegadas para onde vou.
E por isso mesmo
tudo isso já é passado.
Na vida,
já me tiraram muita coisa...
Pretensões! Tidas e chacinadas
já no nascedouro,
não opinaram e nem lhe
ouviram voz
e parecer diferente,
que com certeza faria
diferença
na vida de muitos e muito
mais
na minha que ficou e
passou.
E por isso mesmo
tudo isso já é passado.
Na vida,
já me tiraram muita coisa...
Desejos! Que todos os têm
de realizar e acontecer,
não deu me puxaram o
tapete
e só ficaram no papel e na
intenção
e muito mais ficaram
frustrações e decepções
E por isso mesmo
tudo isso já é passado.
Na vida,
já me tiraram muita coisa...
Dignidade! De homem que
sempre fui,
sou e o serei com toda certeza
desassombrado de
assombrações,
que se me pairaram sombras
e maledicências
na cabeça por línguas
alheias.
Atentados maldosos à integridade
de outrem
no que se disse e disse
os sofri na alma e âmago
do meu ser.
E por isso mesmo
tudo isso já é passado.
Na vida,
já me tiraram muita coisa...
Honra! Que deveria de ser
marco divisório
no trânsito aberto entre
pessoas,
nesse livre comércio de
almas e gentes
onde que se compra e se
vende de tudo.
Contudo hoje,
honra não tem mais peso
e significância
na balança da palavra dada
e empenhada.
Pessoas mudaram
nesses novos tempos das
barganhas
entre almas sob encomendas
e a preço de bagatelas,
que fica fácil esticar a
língua,
vituperar e enlamear capa
e chapéu alheio.
E por isso mesmo
tudo isso já é
passado.
Porém na vida,
nunca me
conseguirão tirar...
Lembranças e verdades!
Que se me fizeram testamentos
de quem fui e do que fiz.
Por que pessoas, só fazem esquecer
do passado e trabalho realizado
de quem muito labutou na
vida
e não lhe passam atestados
de veracidade,
pois que você não está
mais
na cadeia produtiva
e lhe colocam na
prateleira
do ostracismo
na intenção de lhe
esquecer.
E por isso mesmo
tudo isso, está sempre presente
na minha mente e coração.
Porém na vida,
nunca me conseguirão tirar...
Solidariedade e
desprendimentos!
Que não busco nada
de muito ambição no ter
muito
ou do nada ter,
que para mim isso
é o de menos importância,
que preciso de muito pouco
para eu sobreviver.
Sou bem capaz
de tirar de minha boca
e arrancar minhas roupas
e dá-los alimentos e
vestes
de quem de mim mais
precisar.
E por isso mesmo
tudo isso, está sempre presente
na minha mente e coração.
Porém na vida,
nunca me
conseguirão tirar...
Persistência e
determinação!
O trivial naquele ditado
eu quero eu posso ou vice
versa
eu posso eu quero tanto
faz o sentido,
é que ele é mentiroso e
pura desilusão,
enganador da verdade e das
reais
possibilidades do
indivíduo.
“Cai na real cara”,
digo sempre para mim,
quando busco metas e
objetivos
de cara lavada naquilo que
pretendo e quero,
não desisto insisto
na busca pelos meus sonhos
e ilusões,
que sonhar não é pecado,
não ilude
e faz bem à alma.
E por isso mesmo
tudo isso, está
sempre presente
na minha mente e
coração.
Porém na vida,
nunca me
conseguirão tirar...
Altivez e integridade!
Ando sempre de cabeça
erguida,
não devo não temo
no desassombro do ir e
vir,
onde possam meus pés e
minhas vistas
me levarem e me levarem a enxergar
novos horizontes.
Em novos amanheceres e
anoiteceres
no satisfazer meus desejos
e eu, ainda poder ser
feliz.
E por isso mesmo
tudo isso está
sempre presente
na minha mente e
coração.
Porém na vida,
nunca me
conseguirão tirar...
Caráter e personalidade!
Marca ferrada ferro em
brasa
indelével no tempo nunca
muda,
que não mudo vivo pelos meus princípios
que fazem de mim pessoa de
quem sou
uma só cara igual para todos.
Essa é minha capa e chapéu
que os vistos todos os
dias
na persistência de ser
sempre
eu mesmo.
E por isso mesmo
tudo isso está
sempre presente
na minha mente e
coração.
E agora, só faço
recolher
essa minha capa
e chapéu
e descer do palco da vida,
deletar aplausos
e vaias,
que terminou a
encenação.
Fecharam-se
cortinas,
esvaziou-se a plateia
e devo de ir
“s’imbora”,
que a jornada é
longa
e pode de ser,
de ter alguém me
esperando
e eu ainda poder,
ser feliz...