"Somos os Mestres e as Mestras das Minas Gerais .
Somos uma corrente de Pensadores Independentes e Livres , mobilizados por uma Causa Comum .
Queremos a concretização , de fato e de direito , para uma Educação Pública Libertadora e Igualitária , de Qualidade e para Todos .
Queremos o '' Labore Nostru '' de cada dia , árduo , persistente e imprescindível de Operários do Saber , devidamente , Reconhecido e Valorizado .
Hoje , legitimado por Direito e por Justiça."

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Divergências e tendências!

Divergências e tendências!

Que multidões transitam,
transitam!
 Ruas, avenidas
no movimento ondulado
do vai e vem
de cabeças e braços,
indo e vindo pernas e asfalto
que se confundem
nos horizontes perto,
nos horizontes longe
do amanhece, anoitece
da cidade?

Que o tempo passa lento,
passa depressa
no ritmo de carros
que passam, passam!
Céleres, devagar
arrancam, avançam,
sinais piscando, alguém passa
alguém fica?
No pulsar do sol do meio dia,
no pulsar da lua da meia noite
noites e dias se repetem
se completam, se misturam,
onde termina um, onde começa
outro?

Que olhos e desejos
andam juntos, andam!
Na falácia das propagandas
o que as vistas alcançam
corações ambicionam?
Letreiros, smartphones
ditam o fluxo
de quem compra, de quem vende,
nem sempre
dinheiro nas algibeiras
conjuga prudência,
o que leva, o que fica
muitas das vezes
não cabe nos bolsos?

Que cheiros e aromas se confundem
fétidos, repugnantes às narinas
dos odores e esgotos 
que transpiram, transpiram!
E se misturam aos convites e sabores  
das lanchonetes, bares
e restaurantes?
Onde come um, outro fica
sem comer,
que esmoleres sujos pelas calçadas
desapercebidos disputam
feito cães
restos e sobras das lixeiras?
Que transeuntes e pedintes passam
e ocupam o mesmo espaço,
que não existe zona neutra,
se um esbarra o outro dá choque,
se excluem e todos vão e vêm
e quem se importa,
quem liga?

Que gente gorda, gente magra
alta pequena, bela feia,
no festival de cores e trajes,
gostos e gastos
que diferem, diferem!
 Se completam
bem arrumados, mal acabados
nos jeitos e andares diferentes
a passos lentos,
a passos ligeiros,
o que faz a diferença
é a pressa do chegar
ou a demora no esperar?
Que todos esperam, esperam!
E se vão para o mesmo destino,
que é um só, chegar!
Para recomeçar,
 outro dia outra hora
o mesmo itinerário do ir e vir,
ganho sustento pão e comida,
transporte roupa e moradia,
segurança sus e educação
do partir ao retornar casa
e trabalho?

Que pessoas novas pessoas velhas
que passeiam, passeiam!
Lotam
parques, cinemas, shoppings,
praças, arenas, futebol,
que todos anseiam por satisfazer
o mesmo desejo que é um só,
divertirem-se!
Gastarem tempo e dinheiro,
que para muitos
o amanhã fica para depois,
gozar a vida agora se parece
ser o de maior importância?

Que pessoas novas pessoas velhas
que perambulam, perambulam!
Fantasmas
 pelos mesmos parques e praças,
itinerários que não lhes propiciam
nem muita nem pouca alegrias
debaixo de viadutos,
debaixo de marquises
pelas calçadas?
Que todos buscam, buscam!
O mesmo destino que é um só,
sobreviver !
Um dia por cada dia,
no que sobra, no que fica das lixeiras,
no que dá, no que se encontra
cobertas aconchegantes,  
papelões e frios pelas madrugadas,
no que se espera, no que se tem
nas altas horas
e anjos da meia noite,
caridade alheia, pratos e sopas,
comidas quentes ou frias,  
e quando sobra, para quem sobra,
faltam abrigos já lotados?

Finalmente!
Que todas essas discrepâncias,
incoerências, incongruências
de um dia por cada dia
se repetem, se completam
ser tudo igual na rotina
das avenidas e ruas vazias,
ou das avenidas e ruas cheias?

Que que dormem, acordam
no ritmo do sol, no ritmo da lua,
no ritmo das chuvas e estações
quentes, mornas ou frias?

Que comem, bebem
uns mais ,outros menos do que nada,
conforme ganho e gula
daquilo que têm
ou não têm nos bolsos?

Que trabalham, vagabundeiam
por entre florestas de lajes
e tijolos
discriminando almas,
não importando comendas
e identidades
dos empacotados, ternos e gravatas
ou descapotados dos sem ternos,
dos sem camisas,
dos sem tetos ou dos sem nada?

Que amam só no sexo, só no amor
ou no amor e sexo,
na paixão e ódio do bem
ou mal querer?

Que buscam afins nas diferenças
das empatias e simpatias,
dos ódios e ojerizas
nas falas colocadas desencontradas,
desconexas
de interlocutores apressados,
de quem só manda, de quem
só obedece
ou de quem não manda
nem obedece? 

Que se alegram, se divertem
nas comemorações festivas,
ocasiões de se esquecer
das penúrias e aborrecimentos
do quotidiano
e de só se lembrarem
de se darem abraços,
calorosos e reconfortantes
para uns,
frívolos e hipócritas
para outros?

Que se ressentem, se mobilizam
nas tragédias e desgraças,
infligidas pela natureza, pelo tempo
ou pelas circunstâncias,
constrangendo e sensibilizando
uns um pouco mais,
outros um pouco menos,
ocasião de se unirem
e darem-se as mãos,
solidarizando-se
uns um pouco mais,
outros menos do que nada, 
com as perdas ou dores alheias?

Que assim é e sempre será,
que se repetem, se parecem
serem os dias por cada dia,
os mesmos parecidos iguais,
do anoitece, do amanhece
nas divergências  
e tendências das cidades?
Fim!


domingo, 16 de fevereiro de 2020

Protesto!









Sinto-me por demais cansado!
Pois tenho carregado ainda
muita carga “nos costados”.
Pesam-me os anos
e me doem os ossos.
Minhas vistas
se é que ainda as percebo,
as vejo se exaurindo.
De tanto ouvir isso aquilo,
que prosas sem nexus
nem plexus ,
não me interessam mais.
Prefiro ficar mudo,
que rondam-me
muita pretensa sabedoria
alheia,
as mesmas corriqueiras
de sempre
desde ontem, ante ontem
e certamente
me estarão à espreita agora,
amanhã e depois de amanhã
as mesmas costumeiras
de sempre,
 contudo
só para o interesse alheio.

Que faço agora protestar,
bradar gritos d’alma,
não mais inacessíveis
surdos mudos,
 aos olhos e ouvidos alheios.

Que faço agora libertar-me,
apregoar pregos e pregões
por minha independência
pelas esquinas e postes da vida.

Que faço agora bater
estacas e marcos
por ruas e estradas,
direcionando novos itinerários
por onde doravante
deverei andar.

É o que só me resta por fazer
nos afins e fins dos meus dias.
Sentir-me liberto das correntes
 impingidas por mediocridades
e suposta minha insanidade,
que a vida ainda
me tem reservado
e cobrado impostos e dívidas
sem direitos à  percepção
de sobras e dividendos.

Por quanto
não me sobram alternativas.
É alavancar esforços
e levantar-se do pó 
ou mais cedo
do que não pretendia,
descer ao pó da terra!


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

joão sem barro!

joão sem barro!

Que terei eu construído,
tenho eu construído agora,
construirei eu um dia ainda
feito joão sem barro,
sem pá, sem picareta
ao longo de minha vida?...

 Tenho eu deixado artífice
e arquiteto  
para aqueles que já me deixaram
o ninho
não mais precisado imprescindível
ou um dia me deixarão ainda,
contudo no momento me deixam
feito joão
sem nada sem barro nas mãos
arquiteto e construtor?...

Que terei eu carregado,
tenho eu carregado agora,
carregarei eu um dia ainda,
feito joão sem barro,
sem enxada, sem enxadão
ao longo de minha vida?...

Tenho eu sobrado operário
e construtor 
para aqueles que já me secaram
suor e trabalho,
ou um dia me secarão ainda,
contudo no momento me secam
e não me tem sobrado descanso,
tenho rebocado paredes, coberto tetos,
feito joão
sem nada sem barro nas mãos
artífice e operário ?...

Que terei eu lavrado,
tenho eu lavrado agora,
lavrarei eu um dia ainda,
feito joão sem barro,
sem colher , sem desempenadeira  
ao longo de minha vida?...

Tenho eu labutado pedreiro
e servente
para aqueles que já me labutaram
calos e cansaço,
ou um dia me labutarão ainda,
contudo no momento me labutam
e me operam dias e folgas,
feito joão
sem nada sem barro nas mãos,
pedreiro e servente?

Que terei eu amassado ,
tenho eu amassado agora,
amassarei eu um dia ainda,
feito joão sem barro,
sem prumo , sem esquadro 
ao longo de minha vida?...

Tenho eu disponibilizado mestre
e aprendiz
para aqueles que já me impuseram
cargas e fadigas,
ou um dia me imporão ainda,
contudo no momento me impõem
lidas e canseiras no lombo
feito joão
sem nada  sem barro nas mãos,
mestres e aprendiz?...

E terei eu um dia, mais dia,
vai se lá saber quantos dias mais,
feito joão sem nada,
sem barro nas mãos,
operário e construtor,
mestres e aprendiz,
pedreiro e servente,
artífice e arquiteto,
tanto faz uns quantos outros
que se completam
e verei eu ainda o final, 
jornada e obra obrada
de meus dias?...