Solidão!!!
Permitam-me que lhes fale
de solidão.
Solidão não é quando alguém
se dá conta de estar só,
irremediavelmente
sozinho.
Ninguém para lhe fazer companhia.
Conversas jogadas fora
nos papos por falar,
ninguém para conversar.
Desabafar, expor a alma,
lembrar acontecidos
de pessoas e ocasiões,
ninguém para contrapor opiniões
ou dar incentivos ou apenas ouvir.
No olhar amigo, no olhar reprovador,
no olhar indiferente mas complacente,
de uma companhia em prosear
café com bobagens.
Não é sentir-se,
que perdeu o tempero,
a queda e o tino em combinar
os ingredientes nas falas investigativas, participativas e
interessantes,
que interessem a outrem
ou sentir-se excluído
dos relacionamentos no conviver
com pessoas.
Solidão não é isolar-se
por circunstâncias ou voluntariamente
no querer próprio
ou no descaso dos demais.
Aos trancos e barrancos
a gente aguenta,
de quem já viveu muito,
viveu bordoadas que
“sabe como é que é”,
muito mais em compreender
as pessoas,
do que ser compreendido
por elas.
Releva,
perdoar ou não perdoar,
não tem nada o que perdoar,
esquece.
É neste instante,
que a ficha cai
e você se dá conta,
que está por sua conta,
deixado de lado
e relegado ao passado.
E você se toca
com espanto pela primeira vez,
se vê esquecido
pelas pessoas.
Ser esquecido
é seu primeiro impacto,
queda ou aumento
de pressão.
Esquecem quase ou de tudo,
sem os propósitos
ou nas intenções dos propósitos
de esquecerem-se
do seu empenho,
suor e trabalho realizado,
que agora não têm importâncias
e de pouco importam
e de nada valem,
que já ficaram para trás.
Esquecem da sua identidade
perdida de quem você foi
e lhe deixam no ostracismo
na intenção de lhe esquecerem.
E você se toca com espanto
pela segunda vez,
nem se vê mais lembrado
pelas pessoas.
Não ser lembrado mais
é seu segundo impacto,
queda ou aumento
de pressão.
Torna-se abstraído tais como
aquelas páginas amareladas
de tão desbotadas e velhas
daqueles álbuns de família,
de quando em vez
alguém os vê.
Apenas lembranças
para serem lembradas
de quando em vez,
que nem saudades têm,
lembranças para serem vistas
e depois esquecidas,
é o que você é.
E você se toca com espanto
pela terceira vez,
se apercebe na indiferença
das pessoas.
Receber apenas
indiferenças das pessoas
é seu terceiro impacto,
queda ou aumento
de pressão.
É precisamente neste instante,
que se dá conta de verdade,
que se encontra
mais solitário do que nunca.
Que não é apercebido
mais um na multidão,
mendigo, pedinte, excluído
ou pária,
é mais do que isso.
Não lhe notam
nem lhe enxergam mais,
tanto faz existir
ou não existir,
você se tornou invisível
aos olhos de todos.
Que lhe cercam
e convivem lugares,
situações, teto e comida consigo,
pois sua imagem
se lhes restringiu do obvio
e da visão.
É como se fosse
e de fato é,
que você nunca ter
existido.
- Isso é solidão!!!
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