Reminiscências do
Passado:
Tempo de moleque
peralta.
Meus pés descalços
se afundando
na poeira,
me remontam
a outros caminhos,
no tempo
da minha infância.
Da fazenda lembrada
onde nasci,
todos os dias
o mugido do gado
nos currais,
madrugada, ainda,
me acordando ligeiro
pra ver em cima
da porteira os
retireiros
com seus baldes, de
cócoras,
no aperto de dar
pra cedo, pra já,
todo o leite pro
leiteiro.
Época de junho,
ocasião em que
o frio seco de Minas
cobria os campos,
tapava os pastos,
as invernadas,
por toda a parte
com o manto
da geada, queimando
os bananais,
o capim ralo do serrado,
estragando
roçados e cafezais.
Meus pés
de menino moleque
nem ligando,
fazendo pouco
do tempo e dos ralhos,
apoquentando
os mais velhos,
qual o que?!.
sentiam nada
o frio da geada
e corriam sem medo
atrás dos bezerros
numa disputa veloz,
feroz,
de pega-los pelas
orelhas,
com muito custo domá-los
e, o mais difícil,
montá-los
e, não poucas vezes
aterrissando
no esterco frio
da madrugada.
Ah! Lembrar
lá atrás
é como se fosse
um punho fechando
todas as lembranças
e aí nasce
o bago espremido,
escorrendo as lágrimas
nos inundando as faces.
Agora eu vou
pra casa eu vou,
dentro de
minha memória
eu vou me vendo,
ah, um moleque peralta
tirando vez
de gente grande,
me fazendo boiadeiro,
esparramando tudo
quanto era bezerro
em mil direções,
por todo canto,
na alegria radiante
de pegá-los pelas
orelhas.
[Escrito por
um jovem seminarista em 1964]
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