"Somos os Mestres e as Mestras das Minas Gerais .
Somos uma corrente de Pensadores Independentes e Livres , mobilizados por uma Causa Comum .
Queremos a concretização , de fato e de direito , para uma Educação Pública Libertadora e Igualitária , de Qualidade e para Todos .
Queremos o '' Labore Nostru '' de cada dia , árduo , persistente e imprescindível de Operários do Saber , devidamente , Reconhecido e Valorizado .
Hoje , legitimado por Direito e por Justiça."

terça-feira, 30 de outubro de 2012

REMINISCÊNCIAS DO PASSADO. 2ª PARTE.















Reminiscências do passado.2ª Parte.
Pensamentos e desejos de um seminarista e de um marinheiro.[ 1964 a 1976 ] 



Se eu falasse.

Ah! Se toda
essa imensa
vontade de amar
falasse fácil
como essas letras,
nascendo assim
do tão simples gesto
de apenas um lápis
traçando-as,
corriqueiras
percorrendo os papéis...
Se eu pudesse
colocar na palma da mão
todo o meu sentimento
contido,
querendo explodir
por tantos anseios
e apertos do coração...
Se eu pudesse
dar agora
tanto amor armazenado
e desfizesse esse
nó me apertando a garganta
e falasse...
Ah! Afinal
falasse das coisas
que vai me ditando
o amor!...
[ 1972 ]



Calor anônimo da cidade.

Vejo
vultos de prédios
se desmanchando
na fumaça
do amanhecer
da cidade.
E meus passos
me levam
por entre
as florestas
de lajes e tijolos
se perdendo
 comigo
na aurora
sem sol
da cidade.
O barulho
da construções
se levantando cedo
acorda o
último operário
sem nome
que vem
pras obras
da cidade.
Por certo
o calor
do trabalho
anônimo,
escondido
nas brumas
persistindo
em envolver
cada colosso
arranha-céu,
sim, tanta
energia desprendida
na manhã
fria, sem sol,
será o incenso 
se elevando aos céus,
aquecendo
um pouquinho
cada parcela
por toda parte
da cidade.
[ 1970 ]



Tempo de moleque peralta.

Meus pés descalços
se afundando
na poeira,
me remontam
a outros caminhos,
no tempo
da minha infância.
Da fazenda lembrada
onde nasci,
todos os dias
o mugido do gado
nos currais,
madrugada, ainda,
me acordando ligeiro
pra ver em cima
da porteira os retireiros
com seus baldes, de cócoras,
no aperto de dar
pra cedo, pra já,
todo o leite pro leiteiro.
Época de junho,
ocasião em que
o frio seco de Minas
cobria os campos,
tapava os pastos,
as invernadas,
por toda a parte
com o manto
da geada, queimando
os bananais,
o capim ralo do serrado,
estragando
roçados e cafezais.
Meus pés
de menino moleque
nem ligando,
fazendo pouco
do tempo e dos ralhos,
apoquentando
os mais velhos,
qual o que?!.
sentiam nada
o frio da geada
e corriam sem medo
atrás dos bezerros
numa disputa veloz, feroz,
de pega-los pelas orelhas,
com muito custo domá-los
e, o mais difícil, montá-los
e, não poucas vezes
aterrissando
no esterco frio
da madrugada.
Ah! Lembrar
lá atrás
é como se fosse
um punho fechando
todas as lembranças
e aí nasce
o bago espremido,
escorrendo as lágrimas
nos inundando as faces.
Agora eu vou
pra casa eu vou,
dentro de
minha memória
eu vou me vendo,
ah, um moleque peralta
tirando vez
de gente grande,
me fazendo boiadeiro,
esparramando tudo
quanto era bezerro
em mil direções,
por todo canto,
na alegria radiante
de pegá-los pelas orelhas.
[ 1964 ]


Assinado: mestresdasgerais [ poeta? ] .

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